As secretarias municipais de Educação e do Meio Ambiente de Ribeirão Preto, com a colaboração do professor e biólogo Marcelo Pereira da USP, lançam orgulhosamente neste 21 de setembro, Dia da Árvore, o livro “Gigantes do Bosque: árvores do Parque Municipal do Morro de São Bento”. Trata-se de publicação elaborada com muita competência técnica e artística. O resultado é uma obra vocacionada a valorizar os atributos naturais do município, bem como, a estimular e subsidiar atividades de educação ambiental.
O percurso histórico de criação do Parque Municipal do Morro de São Bento é tratado no primeiro capítulo. No final do século XIX, a área então conhecida como “Morro do Cipó” e “Parque do Tamboril”, já era utilizada publicamente para atividades de lazer ao mesmo tempo que preservava a mata natural. A Prefeitura, a Câmara e a população, ao longo do século XX, reforçaram o caráter público do maior e mais importante espaço de contato com a natureza no ambiente urbano.
Na atualidade está em curso a revisão do seu Plano de Manejo, documento técnico que define como proteger, utilizar e gerenciar a área. Desde o final da década de 90, período em que foi elaborado, o plano teve sua implantação apenas de modo parcial. A gestão e o manejo que o complexo de espaços do Morro do São Bento precisa, incluindo Bosque, Zoológico, Cava, teatros de Arena e Municipal, passa por vontade política, investimento público, e capacidade técnica e administrativa. Os espaços visitados do parque devem manter-se acessíveis à população de baixa renda.
Mas a herança em nosso território de uma área natural como o Morro do São Bento tem outras datas: milhões e milhares de anos numa escala de tempo não histórica, mas sim geológica e biológica. Esse é tema do segundo e do terceiro capítulos do livro: a formação geológica e do relevo, os tipos de solos e a evolução das fisionomias de vegetação. Vale lembrar que esta área é a única Unidade de Conservação municipal, cuja categoria é “parque natural”.
Embora o município possua dispositivos legais fortes de proteção dos remanescentes de matas e cerrados, o Poder Público não instituiu ao longo do tempo novas áreas destinadas à proteção da biodiversidade. Temos outras heranças com vocação de proteção integral e de uso sustentado no território do município. Para citar dois exemplos, nas divisas com Serrana e Guatapará, próximo aos ribeirões do Tamanduá e da Onça, respectivamente, temos duas áreas com grande potencial para se tornarem unidades de conservação.
O quarto e último capítulo traz informações e ilustrações de 25 espécies arbóreas de grande porte que ocorrem no Bosque Municipal. Para cada tipo de árvore são dedicadas duas páginas: uma que descreve características morfológicas, distribuição geográfica e curiosidades da espécie, e outra com fotografias do tronco, folhas, flores, frutos e sementes. A contribuição relevante destas pranchas está no fato de permitir o reconhecimento dessas espécies pelo leitores e educadores ao visitarem o Bosque ou mesmo ao fazerem trilhas em outras florestas ainda preservadas em nossa região.
“Gigantes do Bosque” é uma publicação comprometida com a proteção do meio ambiente. Neste 21 de setembro de 2018 temos conteúdo para comemorar a presença benéfica das árvores em nossas vidas. Maior que o orgulho do livro em si, é o orgulho de termos: alecrim-de-campinas, amendoim-bravo, angico, aroeira, cabreúva, cajá-mirim, canafístula, cedro, chichá, embaúba, farinha-seca, guapuruvu, guaritá, jacarandá, jatobá, jequitibá-branco, jequitibá-rosa, paineira, pau-brasil, pau d’álho, pau-ferro, pau-pereira, peroba-rosa, rabo-de-peixe e tamboril.
“É pau pereira, é pau pereira
É um pau de opinião
Todo pau fulora e cai
Só o pau pereira não”
(cantiga popular/ autora desconhecida)
(*) Perci Guzzo é ecólogo e mestre em Geociências e Meio Ambiente.
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